quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cairo, dia 6 - Frankfurt, São Paulo

Derradeiro dia desta viagem. A segunda viagem que se termina. Eu, Facundo (argentino) e Silke (dinamarquesa) decidimos visitar a Cidadela e o Cairo Copta durante a manha. Ja havia combinado o taxi às 14h00. Meu voo, 17h30. Silke é uma moça que ganhou completamente meu respeito. Seu jeito de ser impede aproximações bruscas e precipitadas dos homens. Veste véu e manga comprida para sair às ruas. Tem um jeito respeitoso com a cultura alheia. Uma proteção que não a irritava. A cultura local não era uma afronta à sua feminilidade. Mulher segura. Mesmo assim, preferia a companhia masculina de outros mochileiros para se sentir segura, andar à noite nas ruas.

Muitas moças que vi, com muito calor, usavam roupas curtas. Algumas, excessivamente curtas. Coincidentemente, eram aquelas com mais a mostrar. Fica a pergunta: as feias, essas não sentem calor? Acho que por isso que as feias não estavam de shorts, blusinhas..

Os homens egícpios, esses os mais afoitos do Oriente Médio. Jeitão de macho conquistador. Beira ao repugnante. Mas, como toda panela tem sua tampa, isso seduz algumas estrangeiras. No Egito, o duplo desespero: por dinheiro e por mulher. Não podem ver dinheiro. E não podem ver mulheres não-cobertas. Impressionante. Parecem cachorros no cio. O mais triste é que muitas mulheres, com seus comportamentos, acabam encaixando-se perfeitamente no estereótipo que eles têm da mulher ocidental: sem religião, usam roupas ousadas, bebem, fazem sexo facilmente.

Tomamos café da manhã em um dos cafes que ficam nas ruelas do centro do Cairo. Para variar, nos tentam combrar mais. Isso é muito chato no Egito. O tempo inteiro eles tentam arrancar teu dinheiro. O cha custava 2 pounds e queriam nos cobrar 3. Uma reclamação e o preço volta ao normal. Quem se cala, paga mais.

Vamos à Cidadela, onde esta a maior fortaleza do mundo islâmico. Construída em 1150, para garantir a protenção contra as Cruzadas. Ali dentro, a mesquita de Muhamed Ali. Parecida com aquelas em Istambul. Mas no estilo egípcio: sujo e empoeirado.

Decidimos então ir até uma outra mesquita bem grande ali perto. O tempo já se esgotava. Decidimos pegar um taxi para ir direto ao Cairo Copta. O taxista, com o taxímetro. Começa a dar voltas e mais voltas para ganhar mais. Eu, não gostando, falo "já estou ficando irritado". O qual Facundo responde "já percebi!". Explico: durante a viagem, fui aprendendo que os árabes ficam irritados quando demoramos demasiado para comprar algo. Eu passei a ficar bravo também, como parte do teatro. Então, quando a situação me desfavorecia, ficava bravo. Logo no momento seguinte, tudo voltava ao normal. O taxista me irritou. Quase pago menos. Mas, como o teatro sempre acaba, pagamos o que dizia o marcador. Não foi nada absurdo, apenas injusto.

Visitamos então o Cairo Copta, onde uns dias atrás eu conhecera o aspirante a mochileiro e argentino, Facundo. Igreja de St. Sergius: dos gregos ortodoxos, ali estão enterrados os seus últimos papas. Ruína romana e umas das primeiras igrejas cristãs. Logo do lado está a igreja da Virgem Maria, onde dizem que a sagrada família fica, em uma caverna com uma fonte, durante o exílio no Egito. Fui lá, pego água benta dessa fonte para levar à minha mãe.

Termina-se o dia. Voltamos ao hostel. Despeço-me. Vou ao aeroporto. A garrafinha de água passa do Cairo à Frankfurt sem maiores dramas. Em Frankfurt, uma moça faz um drama pela minha garrafinha. Eu, pedindo a Deus em pensamento que me auxilie, sem manifestar aflição à moça. Vem uma outra pessoa. Digo-lhe "é água sagrada da caverna de Maria, no Egito". Ela olha, fala com outra pessoa. E deixa-me passar. Deus age de formas misteriosa. Engana-se aquele que pensa que sua manifestação será fantástica, como um show.

De Frankfurt, vôo para São Paulo. Tudo tranquilo. Agora começa a terceira viagem: aquela que contarei a toda minha família, amigos, mochileiros, conhecidos e desconhecidos. A viagem que revisitarei pelo resto de minha vida..






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