sábado, 1 de maio de 2010

Masyaf, Convento de Sao Jorge, Crec des Chevaliers

Ontem a noite foi muito divertido. Esqueci de escrever. Cheguei do passeio e mudei do quarto duplo (que eu estava dividindo com o Rob, o australiano), para ir pro terraco (aqui, ha essa possibilidade para dormir). Colocam um colchao e se dorme ao relento (adianto que foi legal). Havia um casal de australianos. Eu lavo minha roupa e me convidam para ir comer. Eles e mais uma moca com cabelos de trancinhas e em cada ponta um apetrecho. Param para comprar uma bebida alcoolica. Isso me desagrada, pois para mim fica como desrespeito com a cultura daqui. Ai, no meio do caminho encontro o cara do passeio que fiz ao longo do dia. Dou um jeito de abandonar os australianos e ir com ele. Pronto! Ai, vamos conversar com uns nativos que ele conheceu no dia anterior. Bem legal. Um senhor tipico de Hama. Conservador. A mao da filha, so depois dos 18 (a mais velha tem 13). Se o extrangeiro se converter ao islamismo, aceitam o cara do jeito que for. Se nao, tem que ter carro, apartamento, 1 milhao de liras sirias... E ele adiciona: no minimo, as mocas que deixam descoberto apenas nariz e olhos. De preferencia, as que cobrem o rosto inteiro! Muito receptivo. Respeitador. Educado. Tradicional no sentido de que cultiva o islamismo. Vai a mesquita a cada chamada. E, como bom homem, trabalha em 2 empregos (engenheiro e mais uma loja de roupas), para sustentar a grande familia. Entao, no caminho de volta pro hotel, para o rapaz que e' dono. Aqui na Siria, todos negocios sao familiares. Conversando, diz que foi pra Grecia e ficou doido com as mocas de bermuda e blusinhas. Que sexo e' coisa para casamento. E entao, ele e o frances (o cara do passeio) insinuam que no Brasil ha sexo o tempo inteiro. Nessa hora, ele me convida para ir numa lanchonete. Mas ja vi tudo: eu ia ter que falar como sao as coisas no Brasil e o rapaz, capaz dele nao dormir a noite. Melhor evitar algumas coisas, ne?

Fico num dilema quando perguntam do Brasil. Tento nao generalizar de mais, avisando que e' um pais muio grande. Mas tem horas que tenho que falar de maneira geral: o brasileiro e' um povo que quer sempre estar feliz, fazer festa, curtir a vida. As mulheres sim sao, digamos, mais soltas.. Isso porque evito ao maximo falar da diferenca entre aquelas do sul (onde faz frio) e as do norte (onde faz muito, muito calor). O futebol e' a paixao nacional. Ha que ter cuidado com a violencia. Muita gente probre, crianca na rua, politicos corruptos. Amazonia? Ninguem nem pergunta! Falo da natureza. Da receptividade do povo. Da alegria. Falo que e' um otimo pais de se viver, apesar das desigualdades.

No fim da noite, paguei mais um passeio. Acordei cedo, fiz minhas compras pro dia. Fomos para Masyaf, um castelo dos muculmanos. Aqui na Siria ha muitos, mas muitos castelos da epoca das cruzadas. Em seguida, convento de Sao jorge. Aqui, 75% muculmanos e 25% cristaos. Na regiao montanhosa desse convento, o povo e' muito mais cristao. Mulheres sem veu. Rapazes metidos a malandro. Povo mais folgado. Aos tarados de plantao: sim, as sirias sao bonitas, bem bonitas. Em Sao Paulo ha muitos descendentes de sirios e libaneses. Das descendentes se tem uma nocao. Em seguida, fomos ao imponente Crec de Chevaliers, um castelo enorme, intacto, que foi de Curdos, Cruzados, Muculmanos e otomanos. Uma das companheiras de viagem era uma mulher, pelo que vi separadas, com 3 filhos. Irlandesa. Bem simpatica. E veio pra ca sozinha e trouxe a bicicleta! Ela e o Rob, duas pessoas ja pra mais de 50 com uma disposicao para viajar que tenho como exemplo!

Paro em Homs, numa primeira rodoviaria. Um velho me auxilia. No onibus dentro da cidade, um iraquiano fala ingles e me auxilia. Me convida para ir a sua casa. Fico um pouco com vergonha. No mesmo onibus, 2 jovens me auxiliam. Me levam ate a rodoviaria certa e ate o onibus certo para Palmyra. Espero um tempo. E nesse lugar, gente do povao, um monte de malandros... Fico sem lugar na van. Tenho que ir no meio de 2 bancos.. Imaginem o aperto! E atras de mim, um cara que parecia bebado, daqueles bem rudes que nem fecham a boca. Boa parte da viagem de 2 horas e meia ele me apretando com o joelho. Um passageiro desce (um professor de filosofia). Tenho que sentar ao seu lado. Ele ocupa todo banco e se faz de dormido. Dou um tapinha em seu joelho para se afastar. Resmunga. E entao parece que o clima esquenta. Dei-me conta que os costumes sao diferentes. Passo a ignora-lo completamente. FOi um pouco tenso. Chego em Palmyra meio desconfiado. Mas agora ja estou mais tranquilo. Peguei um hotel muito barato (200 liras).

Dei uma volta pela cidade. Sento ao lado de um velho. Por meia hora, ele falando em arabe e eu em portugues! Acho que uma hora ele falou "se for para Amman, evita os americanos, que eles podem te atirar".. vai entender! Decidi so viajar de dia, depois do ocorrido de hoje (fui pegar o onibus 17h). Amanha, visito Palmyra. Durmo. E no outro, Damasco.



Nenhum comentário: